quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Pensando "Bel Borba em 7 elementos" um artista imoderado em movimento.


Ao visitar a exposição do Bel Borba no Palacete das Artes - Rodin Bahia, na Graça, fiquei espantado ao ver a criação de suas imensas esculturas; quem tiver a oportunidade de visita-la, terá a chance e o prazer de fazer a (re)leitura, dentre tantas outras já feitas, das obras desse extravagante e laborioso artista baiano muito querido de todos nós, que se destaca pelo espírito audacioso, desafiador e mágico que perfaz uma multiplicidade de ações, impressões, percepções e reflexos em seus trabalhos, que é o que nós, espectadores, esperamos ver em cada contemplação artística.
"Se podes olhar, vê. Se pode ver, repara." Esta citação do livro dos conselhos, rapidamente me ocorreu, quando contemplei a arte de Bel no Rodin, eu vi grandes e pesados fragmentos da ultrapassada fonte nova, apocaliticamente lapidadas em belíssimas esculturas enriquecidas de significados, mas não foi apenas isso, como o próprio Bel disse: “São fragmentos que remetem à nossa história. É uma matéria esponjosa, tem memória. E há um lado saudosista, melancólico, do que já passou”. Bel como um talentoso e sensível artista de seu tempo, um conatural observador, nos desinquieta a ir além de uma contemplação morna e nesta mostra de sua arte, faz implodir, abalar, ecoar um estrondo para além do geométrico, material e palpável; produzindo uma catarse de toda espécie de sentimento e nos fazendo reparar que tudo se transforma o tempo todo. Minunciosamente versado em metafísica.
Salvador está para Bel, como um casulo está para uma borboleta, ambos mesclam-se e metamorfoseiam-se, a cada segundo surge uma nova versão de nós, e temos muitas versões de Bel em nossa cidade, um mutante, em movimento, fazendo surgir novos significados para a beleza e o caos metropolitano, visualmente unificando, como disse Bertrand Russell: "nada se pode criar num lado senão à custa da dissolução no outro."
A exposição, permanecerá no Museu até o dia 23 de Março de 2012, e contou com a organização do fotógrafo e consultor de arte Burt Sun, que também produziu o documentário -Bel Borba, Aqui- Burt, que convive com Bel cerca de 6 anos, filmou as experiências, idéias, e todo o processo seminal, de retroalimentação positiva, devaneios, momentos loucos e toda a dinâmica que se constrói, instala e se modifica no percurso do dia-a-dia de um criador. A arte é transgressão, Duchamp, soube incorporar isso maravilhosamente bem com os seus "ready-made". Com espirito questionador e transgressor Bel deixa o seu apport no processo histórico artístico. Alcançando a comunidade, modificando o entorno e sendo modificado por ele, reiniciando sempre, renovando o olhar, reparando.

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